O encontro

O sol estava forte, o mar estava revolto, as ruas movimentadas.
Era um dia comum, como outro qualquer, a não ser por você.
Você chegou cheia de panos, um vestido que se multiplicava com o vento.
Era branco, no tom da sua pele, alvo, límpido, ingénuo.
Seus cachos brincavam uns com os outros, numa dança desgovernada.
Seus olhos, ai seus olhos...esses sim, me encantavam.
Era ela.
De certo, é ela.

Ali estava ele.
Sentado.
Parecia não ver nada além do mar batendo entre as pedras.
A brisa acariciava seus cabelos, beijava sua nuca, sussurrava em seus pensamentos.
E tudo que eu queria era tê-lo.
Suas pernas entrelaçadas, seu pulmão cheio de si, seus braços torneados.
Nada o atordoava, nada o incomodava, nem os cachorros latindo, nem as crianças correndo.
Ele tinha paz em seu olhar, dava para ver em seus olhos entre abertos.
Era ele.
Eu tenho certeza, é ele.

Suas mãos dadas, seus passos sincronizados, a respiração ofegante.
O sol se pondo, os faróis se acendendo, a noite aparecendo.
De desencontros, se fez esse encontro.
De dois corpos, se fez uma única alma.
Os braços em forma de C se encaixavam formando um X inseparável.
No ritmo frenético das ondas, seguiam seus beijos.
Incensáveis, insaciáveis, inconfundíveis.
Cada dia comum para eles, agora, tinha uma nova forma.
Uma nova cor azul-esverdeada-cor de jambo-amarelada-puxando pro roxo-acaju.
Um novo sabor de goiabada com abacaxi, misturada com manteiga, farinha e leite.
Assim, de um jeito que só este encontro poderia desvendar.
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Por Rafaela Ventura.