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21 abril, 2010

Museu de mim

Assim como minhas unhas, rosa retrô; Assim como meus quadros, rococó; Assim como meus vestidos, vintage; Sou doutra época. Quando as músicas faziam revolução e faltavam flores nas lojas para tantos namorados. Em meio ao século vinte e um, vivo um passado distante que nunca senti. Gosto do cheiro das ruas sem carros, do céu azul. Minhas mãos entregam a pouca idade, meus olhos revelam os anos que não vivi. Estou fora de moda, sai de série. Busco dentro do baú recordações. Nos diários, segredos mal contados. A sombra dos bibelôs, vejo uma alma. Cálida alma que nunca viveu, mas é tão cheia de história. No espelho busco o avesso do que sou, o que queria ser.
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Rafaela Ventura

4 comentários:

JuANiTo disse...

Saudades de um passado que não presenciamos como um presente. Não sei se é loucura, mas sou louco pelo que não vivi, vi ou ouvi ao vivo. Queria poder sentir o momento, surpreender-me com o surgimento daquilo que nos molda para o futuro dentro de nós mesmos. Dentro do que passou. Nos visitamos assim, com o apreço de uma relíquia.

Antonio Carlos Morais" disse...

Sempre soube diiiisso tudo. E sempre admirei. Esse retrô amarelo, tão transfigurado em multicor. Atualização do que há de melhor n'antiguidade.

Excelente, Rafitcha.

reastolfo ;) disse...

Lembrando sempre que o presente se espelha no passado para ser mais feliz do que pensa, porque assim se consegue!
=)
Que saudade da minha saudosista!
Beijoca

Anônimo disse...

Estamos presos num tempo bão, de cheiros, tons de entardecer... documentário em preto e branco!